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sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Sozinha no tempo


Folheio páginas já manchadas, marcadas pelo tempo. Tempo este infiel, que se arrasta pelos ponteiros do relógio.

A tarde, escondida pelas nuvens, se mostra depressiva, e eu apenas espero pelo fim do velho livro me sentindo acolhida pelo drama já repetido inúmeras vezes por aquelas folhas vazias.

Perco-me no íntimo por horas, e me recolho a cada rangido dos móveis acentuado pelo eco das paredes frias; tudo que me cerca, me avalia, me devora, sem uma palavra se quer. Somente na luz, já um pouco fraca, habita um único fio de esperança...

E, de repente, num estalo, a porta se anuncia. Cheia de sombras e brisas, porém. E acompanhada por um exacerbado silêncio, resta-me apenas girar as chaves e me trancar no vazio.


Bianca Monsores

2 comentários:

Francisco Casa Nova disse...

me amarrei no ritmo das palavras...
muito bom, ótimo post!

Jaynne Santos disse...

Sempre que me sinto assim, sozinha, também gosto de me enfiar nos livros. Esconder-me dentro de minha cabeça!
Seguindooo.
Beijos;