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quinta-feira, 11 de março de 2010

O louco


Já era tarde da noite quando Otávio decidiu que queria viver mais, viver por si mesmo.
Pulou da cama e, sentado próximo a janela, observava o céu. Conforme a noite era trocada pelo dia, ele percebia alguns pássaros que começavam a sair de seus ninhos em busca da conquista por novos horizontes. Foi alí que ele teve certeza: queria ser como aqueles graciosos animais. Mas como isso seria possível?

Um dia, olhando uma pequena menina que carregava balões, Otávio teve a grande ideia. Seus balões seriam os pássaros, que o levariam a descobrir novas aventuras além daquele lugar onde o habitual já se tornava confortável a todos.

No quintal de sua casa, espalhou pequenos grãos de milho e esperou pelos pássaros junto a longos fios de barbante. Quando eles chegaram, amarrou nas patas dos animais os fios e logo em seguida, amarrou-os em seu próprio braço. As aves levarantaram voo e o homem subiu pelos ares preso pelos punhos. As pessoas ao redor não podiam acreditar no que viam e chamavam-no de louco, até que um dos seus vizinhos gritou:
- O que pretende com isso?!
E Otávio respondeu das alturas:
- Liberdade!
E lá se foi ele, deixando para trás as grades do comodismo,aquelas que não nos permitem ver além do que nos é previsível.

Bianca Monsores