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domingo, 21 de junho de 2009

O que eu não sei sobre mim



Até o morro agora tem dono
E me priva da liberdade de ser quem eu sou
Lá fora me perco na ignorância do mundo
E na minha própria

Busco verdades
Só encontro desencontros
Busco felicidade
E ela me fere a face

O sal dos meus olhos
Não cicatrizam as feridas
Apenas salgam a vida
Sem nenhum comedimento

E no vinil que fica logo alí, na sala
Tento encontrar alguma palavra
A interpretar o que eu sinto agora
E acreditar que as diferenças
De nada mais valem nessa hora

Mas ele travou
E me repete aquilo que eu não preciso ouvir
Fiquei sem amparo
Por que parece que nada mais faz parte de mim?

Bianca Monsores

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Procura-se



O homem não gosta. Preconceito na verdade. Ele permanece na incessável busca para encontrar no outro um pedaço conhecido, a parte óbvia que retrata sua própria existência. E ele erra. Erra por não ser capaz de encontrar por si mesmo, em si mesmo. Ele ouve tudo e a todos, perde sua essência, deseja conhecer uma matriz perfeita com suas cópias fieis. Erra de novo, nada é como deveria ser. Dá passadas trôpegas, troca as pernas e vê tudo como um grande espelho, infiel. O que se vê, na realidade, não é o que se vê, mas sim o que se deseja enxergar, e o procurar nada mais é que a maneira menos dolorosa e perceptiva de reconhecer em si mesmo os erros que jamais gostaria de ter cometido.

Bianca Monsores

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Feliz dia dos namorados!


Um dia são flores
As borboletas dançam
Contornando os galhos
amarrotados de cores

Outro desamores
O silêncio cala as alegrias
Distrai a mania
De não querer estar só

Mas de sol a sol
Tudo insiste em nascer novamente
E no final, um dia são flores,
Outro, desamores...

Bianca Monsores

terça-feira, 9 de junho de 2009

É tempo de refletir


Deusa mãe
Que carrega o fruto da humanidade
E ensina a todos os vossos filhos a lutar com distinção
Perdoe nossa árdua vaidade,
Mas não nos poupe de ouvir o grito desesperado
Que sai de seu espírito aflito, nem a visão do lindo seio
Que antes amamentava a vida
E agora jorra o sangue,
O sangue de nossa eterna ferida.

Bianca Monsores

Cinzas, apenas...



O cinza do céu

Nos foi presenteado

No âmbito da usura,

Como um ouro dos tolos venerado


O cinza do céu

Um verde no chão

O preto do véu

Já não importa mais


Os corpos vazios ostentam suas vaidades ao pé do mar

E ainda se acham no direito de lograr

O bem que por eles foi arrancado

Para o funesto desencontro entre o ter e o amar.

Bianca Monsores